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domingo, 27 de julho de 2014

Matéria no Uesb Notícias


quinta-feira, 26 de junho de 2014

Pergunte ao Pod Lê.




Dia desses fui convidado pelos amigos Iago Galvão e Antônio Martins para gravar um podcast, seria o programa piloto de uma série. Fiquei surpreso com a proposta: os caras idealizaram um podcast sobre literatura. Ao contrário do que o tema sugere, ao menos pros que endeusam o mundo das letras, a proposta é de se fazer algo informal, dessacralizante. De cara, gostei! Combinamos o dia e o local.

Eram dias corridos. Lembrei-me do compromisso em cima da hora. Falei com Mickelle, amiga e colega nas atividades em que eu estava imerso, e disse que precisava gravar um programa. Convidei-a, mesmo sem consultar os produtores do podcast se era possível levar uma convidada. Liguei para Iago, combinei um local de encontro, já que eu não acertaria o endereço a tempo de chegar na hora marcada e, por último, informei que eu estava com uma amiga. Tudo certo.

domingo, 6 de abril de 2014

Quase noite

Quando abriu os olhos era quase noite. Numa pausa do sono, olhou ao redor, buscou a luz mais próxima, ali, onde estava, não conseguia identificar muito bem as horas, mas lembrou-se que estavam juntos desde a noite anterior, quando o conheceu num bar imundo, num beco, no centro da cidade. Sobre um colchão velho que ele havia jogado no chão da sala, ela repousava. Espreguiçava-se; em seu corpo uma languidez de sentidos; deitada bailava. Um arrepio de frio estremeceu-lhe os ombros, cobriu-se com um lençol, estava nua e estranhava a multidão de afetos em seu corpo deserto. O crepúsculo fazia festa, pela fresta da janela daquele apartamento pequeno e aberto para a luz, ela imaginou – é quase noite! Ainda olhava ao redor quando ergueu a cabeça em divina busca no teto monótono, procurando o inesperado, viu-o. Ele estava ali, muito perto. Buscou-o com os olhos de desejo. Estava sentado. Sobre uma escrivaninha; num computador, escrevia cartas, poemas, segredos. O céu de anil limpo, onde nuvens serenas esparramavam-se com o vento, havia sumido; era quase noite. Olhou-o mais uma vez, poderia enfrentar qualquer escuridão, poderia viver no mais escuro breu, a felicidade do corpo, o bailar dos sentidos, ele muito perto; era lindo e audaz.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Entre self-services, galhofas e livros

Quanto é o livro?
- 20 reais.
- Hum, gostei da capa! Disse a moça, lendo o texto na orelha do livro.
- Você é o autor?
- Sim.
- Ah, então assina por favor.

Fiz uma pequena dedicatória, datei e assinei. Guardei o dinheiro, agradeci e recebi de bom grado o sorriso da nova leitora. Estava na Festa Literária de Cachoeira e já tinha percebido o quanto a capa do livro era chamativa, não era a primeira vez que me diziam isso.

domingo, 17 de novembro de 2013

Nós somos este livro. E ele nos é

Por Gil Brito

Alberto Marlon é um marginal, dizem. Ele sabe disso e não se incomoda, pois seus escritos o denunciam como tal. E, para desgosto de alguns, o autor aceita tal definição e até pode ser que a tome por elogio. A explicação é simples e, inclusive, óbvia: ele conhece o real significado do termo “marginal”, que é bem diferente da forma deturpada que utilizam por aí.
Não se trata de “bandido”, como apregoa o senso comum. Aliás, nem todo marginal é bandido. E, como se sabe, vice-versa. Na verdade, marginal é aquele cidadão a quem se nega até mesmo a qualificação de “cidadão”. É o sujeito que, por desígnios sociais, particulares, psicológicos ou mesmo filosóficos, viu-se empurrado para fora dos limites do convívio com a sociedade. Tornou-se excluído do ângulo de visão das “pessoas de bem”. Perdeu os laços com o dito – e tão apregoado – sistema.

domingo, 24 de junho de 2012

Entrevista TV Uesb


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ilhas e encontros

Fechou o portão, consultou a hora no visor do telefone celular e caminhou a passos largos em direção ao ponto de ônibus. O calor de início de tarde escaldava, mesmo os que se abrigavam à sombra. Não teve que esperar muito pois, por sorte, a condução logo chegou. Subiu, pagou a passagem com seu cartão de estudante e, durante esta operação, scaneou o interior da condução em busca de um lugar à sombra. O transporte estava quase vazio, meia dúzia de passageiros pingavam entre uma poltrona e outra. Escolheu um assento do lado esquerdo, cujo fator de estar à sombra foi decisivo. Deteve-se. No lado oposto, exposta aos inclementes raios solares que atravessavam as janelas, uma moça lhe sorriu.

domingo, 26 de junho de 2011

Conto: Parada no Casarão

                                                            * Geraldo Eloy Viana
Nas minhas passagens anteriores eu já tinha ouvido alguma coisa em relação ao que estava acontecendo próximo dali do “Barracão”, estabelecimento à beira da estrada onde se vendiam bebidas, cereais, utensílios e diversas outras coisas.  Havia no local umas seis ou sete pessoas, três homens de barbas grandes jogando baralho. E assim que pedi um refrigerante, o atendente, em voz baixa,  aconselhou-me:
- É bom o senhor não continuar a sua viagem, pois a coisa aí na frente não está nada boa!
- É mesmo? – fitei o seu rosto. – E o que é que está acontecendo?
- É outra briga dos fazendeiros inimigos. Já faz três dias que está chovendo balas por todo canto e se já não tem gente morta é por puro milagre de Deus!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Pré-lançamento do livro Crônicas Conquistenes

Ocorrerá no dia 08 de junho de 2011, às 17 horas, no foyer do Teatro Glauber Rocha da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitória da Conquista, o pré lançamento do livro Crônicas Conquistenses / Na trincheira eletrônica, do escritor Alberto Marlon. O evento acontecerá dentro da programação do Latina - Festival de Arte y Cultura Latino-americana, que acontecerá entre os dias 07, 08, 09 e 10 de junho.
Em sua  primeira obra, o escritor baiano relata histórias vivenciadas em Vitória da Conquista, bem como sua experiência como estágiário na campanha eleitoral das eleições de 2008.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Carne e chocolate


  Que me perdoem os vegetarianos, mas não dispenso os prazeres da carne. Em alguns pontos sou à moda antiga: o homem, em sua trajetória evolutiva, sempre conviveu em paz com outros animais, desde quando estes permanecessem em seus rebanhos. Segundo o evolucionismo, e remontando aos primórdios, um dos fatores que explicam a nossa grande massa encefálica é a ingestão de grande quantidade de proteína animal. Dentro desta ótica, e obedecendo à minha própria evolução, delicio-me particularmente com carnes vermelhas, sejam cozidas, fritas ou assadas. Devo também dizer que aprecio aves e frutos do mar, pena estarmos um pouco longe do litoral... A churrascaria, para mim, é uma espécie de templo onde algum deus pagão nos farta de picanhas, alcatras, maminhas e outras partes do boi, ou porco, a depender da disposição dos que servem a mesa. Nos dias que não posso frequentar meus templos favoritos – a vida de aspirante a escritor e jornalista desempregado não contempla certos gastos – recorro aos já conhecidos “espetinhos de gato” ou aos chamados “churrascos grego”, opções baratas para um carnívoro inveterado e de poucos recursos.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Entrevista com Seu Jorge numa ótica impetuosa

A experiência aventurosa de uma jornalista sem credencial, com sua narrativa lúdica em forma de conto, sobre o Show do Seu Jorge e a inspirada entrevista com ele, no sábado (23) em Ilhéus.
                                                                    Por Anna de Oliveira
O dia 23 de abril, sábado de aleluia, não saíra de meus pensamentos, e também dia de São Jorge em Ilhéus. Embora eu já estivesse conformada com o travesseiro de minha cama, em nível oficial aqui no planeta Terra eu não iria para o show de Seu Jorge. Mas alguém lá em cima mexeu seus pauzinhos para que o que se estava aparentemente consumado, se transformasse em uma das melhores coberturas jornalísticas que até então já experimentei. Eis aqui o novo jornalismo, com seu caráter narrativo literário e ao direito minucioso dos detalhes – o jornalista vive a realidade e narra com seu discurso livre e de dentro da alma, o acontecimento. Aviso aos navegantes que é para quem gosta de ler. É que nem um bolo gostoso, a melhor parte é o recheio.
- Tenho uma surpresa para você, disse minha mãe eufórica assim que cheguei em casa pouco mais que as 23 horas.
- Boa ou ruim? Preocupei-me.
- Boooa! Entre risadas ela me aliviava um possível susto, os nervos a flor da pele. Nossa prima ligou, disse que está com enxaqueca e tem duas entradas para o show do Seu Jorge. Perguntou se nós gostaríamos de ir, disse minha mãe. Caridosamente, claro, ela aceitou os ingressos. Eu mal poderia imaginar que esse seria o início de uma carreira que por tantos anos ensaiei os passos na graduação de jornalismo.
- Vamos logo então nos arrumar, está marcado para que horas?, indaguei.
- Aqui no ingresso diz que é às 22 horas, mas você sabe, nunca começa no horário.
- Vá logo se arrumar e venha no meu quarto que vou fazer sua maquiagem, instrui minha mãe como se fosse minha filha, e eu como uma mãe que cuida de sua cria.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Conto: O Juramento

                                                                                Geraldo Eloy Vianna*
Ele partiu chorando, na mente e no coração um propósito inabalável: Vencer, voltar e tirar o pai da mendicância. 
                                                                ***
        Tudo nele era decadência e desalinho, o físico mirrado, roupas sujas e esfarrapadas, cabelos e barba grandes e emaranhados. Mas no seu rosto havia traços nobres e, enquanto ele me estendia a sua mão trêmula e súplice, seus lábios se abriram num sorriso cristalino, tão alvos eram os seus dentes. E ao passar-lhe uma mísera moeda, notei que os seus dedos indicador e médio eram pegados um no outro. Agradeceu-me e foi se afastando no seu penoso e claudicante andar, apoiado num já bem gasto bastão.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Terá Wando uma versão High Tech?

                                                                                                                                 Eveline Mota*
Como disse um amigo meu: “Não basta ser jornalista, tem de participar”... Isso depois de contá-lo sobre as picadas de abelha recebidas na cabeça, pescoço e braço durante uma reportagem. Com o antebraço igual ao do Popeye trabalhei no sábado esperando um turninho de folga para fazer um som com os amigos, o maridão e o novo morador do 302. Meu persa Chicão. Eis que um dia antes, o ídolo atual Luan Santana passa mal enquanto se apresenta no Festival de Verão em Salvador. Um dia depois da apresentação interrompida, Luan deveria fazer um show aqui em Vitória da Conquista... Aí... Fu... Milhares de telefonemas, orientações, mudanças nos horários... É fato: Se o Gurizinho faz o show bem de saúde aqui é notícia. Se não, também é.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Diários de cinema


Participava da Mostra de Cinema Conquista 2010, quando recebi o convite.
 - Beto, vou realizar um evento de cinema itinerante na Chapada Diamantina, pensei em você para fazer assessoria de comunicação. Perguntou-me Denise Santos, documentarista que, após concluir o curso de Comunicação Social da Uesb, enveredou pelo mundo do cinema. A moça já tinha alcançado reconhecimento pelos trabalhos que havia realizado e, naquele momento, lançava-se em mais uma empreitada.
 - Quando será? Estou fazendo um curso de especialização e não posso me ausentar por muito tempo da cidade. Respondi, já com a decisão que, a despeito de todos os entraves das datas, iria.
 - Semana que vem. Ficaremos 12 dias, em cidades, vilarejos e trilhas. Iremos exibir o documentário “Pati, o que vale esse povo?”. Foi um trabalho que realizei, juntamente com Sophia Midian e que mostra um pouco da vida dos habitantes do Vale do Pati, na Chapada Diamantina. Então, exibiremos o documentário, gravaremos tudo, entrevistaremos pessoas e, com esse material em mãos, faremos um novo filme. Preciso de você para fazer a divulgação e alimentar o blog do evento. A equipe será grande!  
 - Gostei da ideia. Vou confirmar minhas datas. De antemão, estou dentro!
  Três dias depois pisava o calçamento irregular das ruas de Mucugê e pegava um transporte rumo à localidade de Guiné...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Diários de cinema - parte II

As antigas ruas de pedra estavam cheias de gente. Por todos os lados um vai e vem festivo. Barracas, mulheres com sacolas, animais de carga e veículos. Nos bares a beberança já havia começado e, à medida que a manhã avançava, o fluxo de copos e garrafas se intensificava. A feira da cidade de Mucugê é um espetáculo de cores e aromas. Era neste cenário que iríamos realizar a penúltima exibição dos filmes. O local designado era a sala de auditório do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), vizinho ao prédio da Prefeitura. As janelas foram fechadas – para criar um ambiente escuro, mais propício à exibição cinematográfica – e, após iniciada a sessão, foi vetada a entrada de mais pessoas, tal era o número de espectadores. 
Findado o compromisso em Mucugê, arrumamos as bagagens e, mais uma vez na carroceria do Toyota, tomamos o rumo do Vale do Capão.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A divisão da ótica


  Uma fina neblina acoitava friamente meu rosto enquanto caminhava. A umidade que ameaçava transpassar o couro de meus sapatos me fez reconsiderar o trajeto pela grama e, em dois saltos compridos, alcancei o caminho pavimentado que une o Módulo da Secretaria ao prédio que abriga o Teatro Glauber Rocha - creio que apenas uma seleta minoria sabe o nome oficial dos módulos da Uesb.
    Àquela hora da manhã, de uma fria segunda feira, só uns poucos experimentavam uma caminhada pelo campus.  Meia dúzia, pelo que vi. Alcancei o pátio da cantina de Dona Dalva, sentei em uma das cadeiras de plástico e abri um texto da disciplina Semiótica.  Entre as primeiras linhas de uma tradução de Roland Barthes, que conceituava língua e fala, e o labor das funcionárias nos preparativos para abrir a cantina, os ônibus despejaram as primeiras levas de estudantes.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Caiu uma filosofia no meu chope!



Noite de sexta feira, uma das mais abafadas do verão conquistense. Ao fundo um blues chora mágoas através de uma caixa acústica. O garçom traz mais uma rodada de chope quando Bárbara deposita mais uma bituca de cigarro em um cinzeiro de vidro que, pela aparência, clama por ser esvaziado. Enquanto Fábio rabisca qualquer coisa em um guardanapo, Alberto boceja e, demonstrando certo enfado, suspira profundamente.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Webcam

Um leve cheiro de sexo pairava na atmosfera do pequeno quarto desarrumado. Na cabeceira direita da  cama, ainda desforrada, um cinzeiro sepultava algumas bitucas de cigarro. Joana (para uma maior proteção de minha fonte  os nomes aqui mencionados são fictícios) me recebeu com um sorriso amarelo, quase uma desculpa: “oi Beto. Entra, não repara a bagunça, ou melhor, repare mesmo. É que meu namorado acabou de sair...”

domingo, 21 de novembro de 2010

Pitonisa

Visitas são coisas curiosas, ainda mais quando vêm sem aviso. Como em um passe de mágica lá estava ela, sentada, uma taça de vinho em uma mão e a outra a fazer cachos nos cabelos negros. Não me lembro de ter recebido notificação da companhia de energia elétrica, mas a iluminação era através de velas, grandes e coloridas, algumas já gastas. Por instantes não dissemos nada, apenas nos estudamos, como dois pugilistas antes da explosão de golpes e contatos.  Não entendo muito dessas coisas de metafísica, mas havia qualquer coisa além de nossos corpos naquele encontro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Caruara

  
 Do galho em que estava, podia ver os pequenos seios da moça que ria, sentada em um tronco, logo abaixo. Como uma massa mole e aderente, o riso me retinha. O sol do meio dia, a sombra fresca das folhas, a leve brisa que refrescava: poderíamos respirar sentimentos. Uma melodia soou ao fundo, a princípio baixa e envolvente. Depois foi aumentando, mais, cada vez mais. Como um trem que rasga a plácida paisagem, o som cresceu tremendamente, abafando o riso, apagando a moça, a árvore, a verdura e todo invólucro onde reina o impossível...