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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Diários de cinema


Participava da Mostra de Cinema Conquista 2010, quando recebi o convite.
 - Beto, vou realizar um evento de cinema itinerante na Chapada Diamantina, pensei em você para fazer assessoria de comunicação. Perguntou-me Denise Santos, documentarista que, após concluir o curso de Comunicação Social da Uesb, enveredou pelo mundo do cinema. A moça já tinha alcançado reconhecimento pelos trabalhos que havia realizado e, naquele momento, lançava-se em mais uma empreitada.
 - Quando será? Estou fazendo um curso de especialização e não posso me ausentar por muito tempo da cidade. Respondi, já com a decisão que, a despeito de todos os entraves das datas, iria.
 - Semana que vem. Ficaremos 12 dias, em cidades, vilarejos e trilhas. Iremos exibir o documentário “Pati, o que vale esse povo?”. Foi um trabalho que realizei, juntamente com Sophia Midian e que mostra um pouco da vida dos habitantes do Vale do Pati, na Chapada Diamantina. Então, exibiremos o documentário, gravaremos tudo, entrevistaremos pessoas e, com esse material em mãos, faremos um novo filme. Preciso de você para fazer a divulgação e alimentar o blog do evento. A equipe será grande!  
 - Gostei da ideia. Vou confirmar minhas datas. De antemão, estou dentro!
  Três dias depois pisava o calçamento irregular das ruas de Mucugê e pegava um transporte rumo à localidade de Guiné...


 Conta-se que os primeiros habitantes do Vale do Pati vieram da região de Macaúbas e do Vale do Capão. Era o ano de 1899 e uma grande fome se alastrou por toda a região, obrigando os sertanejos a procuraram terras onde alimentos não fossem tão escassos. Vagaram pelos ermos da Chapada até desembocarem em um vale onde havia fartura de caça e vegetais comestíveis. Valendo-se da abundância de pacas, tatus, macacos, mel e palmito, que havia pelo oásis encravado entre montanhas, os retirantes se fixaram. Na certeza de terem encontrado um local que os salvava da fome, os matutos plantaram mandioca e desenvolveram a criação de animais. Passaram-se 30 anos e, com a crise de 1929, que alimentou a fome pelos rincões mais pobres do planeta, novos habitantes vieram para o Vale do Pati, então já com fama de ser local onde alimentos não faltavam. As habitações humanas multiplicaram-se e, de acordo com política oficial da agricultura monocultora, o verde dos cafezais substituiu a milenar floresta. A região tornou-se importante economicamente e recebeu um posto avançado da prefeitura de Andaraí. A “prefeitura”, como ficou conhecida o entreposto, era a representação do poder público no Vale, além de servir de armazém de gêneros, posto dos correios e centro de reuniões. A febre do café acabou na segunda metade da década de 50 do século passado. Com a mudança da política do governo para aquele produto, todos os cafezais foram derrubados e a floresta pouco a pouco foi ressurgindo. Atualmente as poucas famílias que ainda moram no Vale sobrevivem da agricultura familiar e do turismo ecológico.
  Foi com este pequeno triller da aventura humana que, ainda na localidade de Guiné, na manhã fria de 15 de outubro, colocamos mochilas às costas e começamos a caminhada em direção ao Vale do Pati. De início encaramos a Subida do Beco. Uma trilha íngreme, calçada por escravos, da época dos coronéis que, dizem, costumavam manter a chave de um cadeado que trancava a passagem. Os viajantes que precisavam usar a Subida do Beco tinham que vir pedir a benção do mandatário de plantão para destravar a porteira. Voltando à trilha, à nossa direita, o paredão da montanha que tentávamos vencer, à esquerda o precipício, sempre nos lembrando que aquele lugar não perdoava passos falsos nem cambaleios. Os pouco afeitos às caminhadas em lugares altos logo sentiram os efeitos da escassez de oxigênio: tonturas e um leve enjôo. Depois de quase uma hora de subida, vencemos a montanha. Pausa para tomada de fôlego e água. A partir daquele ponto seria uma longa descida até o Vale. De fato, depois de mais de uma hora, chegamos ao Mirante do Vale do Pati, onde podíamos avistar um bom pedaço da Chapada Diamantina. Abaixo, todo o Vale. A descida do paredão foi a primeira grande prova às nossas aspirações de trilheiros. Movimentos cuidadosamente estudados. Degraus de pedras, esculpidos pelas águas das enxurradas e raízes que sobressaíam dos barrancos, deram o suporte necessário para que não escorregássemos e descêssemos paredão abaixo, sem freio. Por fim alcançamos o sopé da rampa. Olhamos para cima, com um misto de incredulidade e espanto ao vermos a magnitude do paredão por onde havíamos descido. Abrigados pelas copas das árvores que verdejam pelo vale, fizemos mais meia hora de caminhada e chegamos à primeira parada.
                                                 II
Dispostas em forma de triângulo, três casas e uma pequena capela, feitas de pau a pique,  rebocadas e caiadas. Como todas as localidades ao longo da trilha do Vale do Pati, a Igrejinha serve de base de apoio onde o viajante pode encontrar alimentos, banheiros – o conceito de chuveiro quente deve ficar fora da mochila quando se sai pelos caminhos do montanhismo -, lugar para camping, cozinha, quartos, colchões e uma pequena venda onde se pode tomar uma latinha de cerveja ou refrigerante, “esfriado em água de pote”. A hospedagem completa sai por 50 Reais a diária, o aluguel de colchão é 19 reais e o isolante térmico (uma espécie de borracha, usada por campistas como substituto do colchonete) custa 10,00. Por uma latinha de cerveja o viajante paga R$ 3,50 e a de refrigerante 3,00; o custo diferenciado se explica pela dificuldade de trazer mercadorias da cidade para o Vale em lombo de animais. Contrastando com a rusticidade do lugar, duas placas de energia solar – produto de um projeto do Governo Federal – fornecem energia elétrica para as lâmpadas fluorescentes e lembram que é possível uma simbiose entre o tradicional e o moderno.
- Moro aqui desde que nasci. Assim também é com meu pai (Sr. Gasparino), que está com mais de 80 anos. Dos meus irmãos sou o único que ficou, os outros foram pra cidade, em busca de melhores condições. Explica João Calixto (41), morador da Igrejinha e que administra a pequena estalagem.
Todo empreendimento se constitui de planejamento, providências e imprevistos. No nosso caso houve planejamento de, para o funcionamento dos equipamentos de projeção, levar um pequeno gerador de energia elétrica. A equipe de produção providenciou o gerador e o combustível. Mal de toda empreitada humana, o imprevisto nos assaltou logo no primeiro dia. A despeito dos testes, o gerador funcionou por alguns minutos e silenciou-se. Tentou-se de tudo, mesmo sem ferramentas. Nada fez a engenhoca voltar a roncar. Em cima da hora e distante de qualquer assistência técnica, o pessoal  encarregado da projeção resolveu tentar utilizar as baterias que armazenavam eletricidade gerada pelas placas solares. Esbarrou-se na pouca carga dos acumuladores e, encontrando um meio termo, decidiu-se pela exibição de apenas um terço da programação: o documentário “Pati, o que vale esse povo?” e do programa “Janela”. Ficou de fora o longa metragem. Afora o contratempo acima descrito, a exibição ocorreu normalmente. Alguns moradores do Vale vieram ver na tela personagens conhecidos. Também estavam presentes trilheiros que, por força da ocasião, encontravam-se acampados naquela estalagem.
A noite seguiu tranqüila e o dia chegou com um manto de névoa, com as nuvens domando momentaneamente os paredões. Alguns levantaram mais cedo e foram dando as primeiras providências do dia. Foi o caso do casal que desarmou a barraca, pagou a conta e deu prosseguimento na jornada. No singelo refeitório a equipe tomou o café por volta das oito da manhã.
                                 
                                             III

Sábado, 16 de outubro de 2010. Antes de carregar as mochilas, a equipe encontrou o Sr Nô (58), morador antigo do Pati – é importante ressaltar que Nô participou do filme Pati, o que vale esse povo?  Regando sua horta, Nô disse que mora no Vale, desde que nasceu. Tem filhos e netos, quase todos morando em cidades próximas. Para ele a maior dificuldade é o acesso que, com a idade, torna-se mais difícil. “Quando se fica doente, tem que ir no lombo de mula, ou em rede. Já carreguei muita gente na rede,” contou.
Mochilas às costas, singramos o vale. A equipe se dividiu:Denise, Bárbara e este narrador foram pelo rio, descendo pelas corredeiras e cachoeiras, trecho conhecido como Funis. Os demais seguiram em frente, pela trilha principal do vale, carinhosamente chamada de avenida do Pati:  desta forma teriam sobra de tempo para montar os equipamentos e resolver as demais questões de estalagem. Pelo rio, a trilha, que ora margeia, ora é o próprio rio, é uma experiência
interessante a qualquer excursionista. Concentração, abstrações… as pedras que escolhemos cuidadosamente para, em saltos e na ponta dos pés, seguirmos a trilha,  assumem uma configuração particular de acordo com cada um. Por mais que estejamos seguindo o que está à frente, e vendo o caminho escolhido, nunca somos fiéis à sugestão dos passos do companheiro. Por um mistério qualquer, alteramos a rota e escolhemos nossas próprias pedras, mesmo sob o risco de pisar no limo, escorregar e ceder ao poder irresistível da gravidade… Talvez sejam o correr das águas, com suas corredeiras e cachoeiras, o pulsar vital à sobrevivência no
Vale. Há qualquer coisa de mágico naqueles caminhos de pedra, freqüentados por toda sorte de fauna e avivados pela água fria que corre em ímpeto. Corre, como se não fosse apenas água por entre aquelas pedras, mas a própria alma do Vale.
Dentro desta atmosfera, caminhamos por um par de horas, com pausas, cujas durações variavam de acordo com a beleza da queda d’água. Por fim subimos por uma picada, aberta entre a rasteira mata de samambaias e outras espécies afeitas a locais quentes e úmidos. Alcançamos a avenida do Pati e, por quase uma hora, caminhamos sob o sol escaldante até descermos uma ladeira e avistarmos a casa do Sr Wilson.
Assim como a Igrejinha a casa de Wilson (63) oferece serviços de estalagem, além de boa comida – servida na própria cozinha da casa. Existem duas construções, uma onde mora a família e outra onde há quartos e cama, alugados aos trilheiros. Há também uma pequena cozinha, usada pelos viajantes e anexa à casa principal; como boa parte das habitações simples do Vale do Pati, o cômodo é rústico, teto baixo, fogão à lenha e parede de pau a pique. Dando uma volta pela construção, vêem-se bananeiras, hortas, galinhas e outras atividades com que os patizeiros há gerações se valem para sobreviver.
  Assim como Nô,  Wilson é outro morador do Vale que foi filmado em 2005. Conversando com a equipe ele disse que gostou muito –  Wilson, juntamente com a família, foi assistir na noite anterior a exibição da Mostra Pati, na Igrejinha – de ver sua imagem na tela. Perguntado sobre sua condição, em relação à criação do Parque Nacional, ele disse que “querem pagar 60 reais de indenização por sua casa e noventa centavos por cada pé de banana. Não saio daqui, nem eu nem meus filhos, ainda mais com um valor desses que estão propondo.”
Após a entrevista, comemos sanduíches de pão caseiro com queijo e tomamos suco de maracujá. Já passava das duas da tarde e ainda tínhamos uma boa caminhada até a Prefeitura. Reabastecemos os recipientes de água e, após agradecimentos e promessas de retorno, retomamos o caminho. Desta vez boa parte da trilha era margeando o rio, sob a copa das árvores e em declive de terreno. À margem de pedras do rio, fizemos uma parada para refrescar músculos e mente. Depois de mais algum tempo de caminhada, cruzamos novamente o rio e vimos barracas de camping, movimentação de pessoas e, mais à frente, uma casa com portas altas e grossas de madeira, pintadas de azul e realçando com as paredes brancas – bem diversa do restante das vistas até então no Vale. Estávamos na Prefeitura – como dito anteriormente, a Prefeitura já foi um posto avançado da Administração de Andaraí. Após uma olhada mais apurada vimos que, um pouco mais afastada, em uma pequena elevação, havia outras construções, estas de telhas tipo Eternit e menores que a casa mãe. À frente do estabelecimento o Morro do Castelo, imponente e sempre nos lembrando o quanto somos pequenos.  A equipe havia chegado há algum tempo, se instalado e, novamente, às voltas com o problema da geração de eletricidade.

Por ser uma região entre montanhas, o sol desaparece mais cedo dentro do Vale. Havia luz do dia, mas tudo já estava tomado pelas sombras. Os que não estavam envolvidos com a parte técnica propuseram um jogo de peteca. Jogando, fotografando ou assistindo, de certa forma todos foram envolvidos pela roda. O cansaço do dia foi esquecido ante os saltos frenéticos do brinquedo de penas coloridas. Um vento quente soprou, eram os últimos calores do dia fugindo para algum recanto do Vale. Sorrateiramente a noite foi nos envolvendo até que não se podia mais ver a peteca…


                                              IV

Ainda com o gerador calado, a alternativa era a exibição utilizando as baterias de energia solar. Tudo correu bem, a princípio… após alguns instantes o projetor parou: os humildes e campesinos acumuladores não tinham carga suficiente para suportar toda aquela parafernália tecnológica. Em frente à Prefeitura um público já se formava: excursionistas, da Bahia e de outras regiões do país, uma argentina e um casal: ele alemão, ela francesa; e já se havia anunciado a chegada de famílias de patizeiros que habitavam as cercanias. Diante da inquestionável força maior, que só o enguiçar das invenções humanas nos impõe, a equipe recorreu à última alternativa e optou por exibir no Macintosh – naquele momento o eficiente computador portátil possuía carga na bateria para mais de quatro horas. Em pouco tempo uma aglomeração, em forma de ferradura, circundou o pequeno aparato tecnológico e, sob o silêncio que os ermos da natureza proporciona, deixou-se hipnotizar pelas imagens que emanavam da tela lcd de 19 polegadas. Por instantes calou-se o piar das aves noturnas e dois mini alto falantes lançaram ondas sonoras que vibraram por entre árvores e pedras até se perderem pelo Vale.
Enquanto acontecia a exibição, Léo Serrão, condutor da equipe da Mostra preparava o jantar. A cozinha ficava nos fundos da casa e consistia em uma cobertura que, do lado esquerdo, tinha paredes, uma espécie de balcão em um dos lados e um fogão a lenha do outro. Em frente à porta que dá acesso à cozinha, no chão, uma pedra; os que construíram aquele lugar fizeram pisos e paredes e, seguindo a sabedoria dos povos das montanhas, respeitaram a geografia do terreno. De vez em quando um ou outro vem e, distraidamente, com um tropeção, é lembrado que aquela rocha está ali há milhões de anos e que a ação humana não foi suficiente para removê-la. No outro extremo da cobertura, já sem a guarnição de paredes, uma mesa e dois bancos de madeira, desses com quatro pés e uma tábua comprida, completavam a configuração do refeitório. Era em cima do fogão que Léo, utilizando uma garrafa de vidro como rolo, preparava uma massa em finos discos: haveria pizza para o jantar.
O serviço de condução ou guia, como é comumente conhecido, é exercido por profissionais filiados a associações, que têm sedes e administrações distintas, de acordo com a cidade sede. O guia se encarrega de sugerir o roteiro, de especificar as melhores paradas e, subindo o nível do serviço prestado, cozinhar e até carregar equipamentos e mochilas – se precisar ele poderá contratar carregadores, com mulas. Cobra-se por diária e por pessoa. O valor da diária pode começar em R$ 70,00 e chegar até R$ 150,00. “Acertamos por pacote, o valor depende muito. Vemos o número de pessoas, o itinerário, a alimentação o nível de conforto. Tudo tem que ser acertado previamente, principalmente com os gringos, eles pagam mais caro, porém gostam que tudo seja feito dentro do roteiro, nada de surpresas ou contratempos, são muito exigentes”. Explicou Léo Serrão, enquanto terminava de fazer os últimos discos para as pizzas. Terminou-se a segunda exibição no vale do Pati. Os que estavam na frente da Prefeitura vieram para os fundos e a cozinha ficou lotada. A moça argentina tocou algumas modas, em língua castelhana. Houve vinho e as primeiras fatias de pizza começaram a circular, o violão também circulou. Lindomar, o rapaz encarregado da estalagem, pegou o instrumento, vibrou acordes e cantou melodias, deu seu show. Passado algum tempo, os patizeiros sumiram por suas trilhas no meio da noite, os excursionistas foram para suas barracas ou quartos e o silêncio, parceiro do sono, domou aquela ilha humana.
Assim como na pousada anterior, logo cedo já havia gente que tinha desmontado barraca e posto mochila às costas. Léo cuidava do café e, por volta das 7 da manhã daquele domingo, 17 de outubro, a equipe se reuniu. Os problemas técnicos pesavam sobre a operacionalidade da empresa e tal assunto deu o rumo da conversa. Após minutos de deliberações a reunião se dissolveu. Henrique (Hari) retornaria a partir dali, ao que indica não estava havendo sintonia… uma das particularidades da Prefeitura é que de lá pode-se seguir para Guiné, ou pegar à esquerda e ir para o Vale do Capão,  ou, como no nosso caso, ir para Andaraí. Estávamos em um entroncamento de caminhos, se era para se dividir e voltar alguém, o local era ali. Esta teoria foi reforçada quando, momentos depois, no café da manhã, Luís declarou que também voltaria para casa, com a esposa. Alegou problemas de ordem pessoal. Não houve tristeza ou alguma nódoa de paixão triste. Todos tomaram café e, após despedidas, os três desapareceram por uma trilha rumo ao Vale do Capão.
Até o fim da trilha, na cidade de Andaraí, havia uma longa caminhada, com pernoite na casa de Sr Eduardo, local da última exibição no Vale. Não se podia mais contar com gerador de eletricidade – mesmo tendo que levá-lo até o fim da jornada -, e havia o desfalque de três componentes.  Dispensou-se uma das três mulas – o custo da diária do serviço era muito (R$ 250,00, em média) para a pequena algibeira da produção – de forma que parte da bagagem individual foi levada nas costas. Tais eram nossas condições quando seguimos descendo o Pati. Foi sugerida pelo guia a opção de fazer parte do trajeto pelo rio, seria um passeio pelas belas cachoeiras da região. Desta vez a maioria foi pelo caminho das pedras, ao som do correr das águas. Trilha de certa dificuldade, mas não tanta como a dos Funis, percorrida no dia anterior. Após pequenas paradas e com um Sol que já ameaçava as peles desprotegidas, pousamos em uma queda d’água, com ótimo local para banhos e mergulhos. Braços e pernas a agitar a água, espichos ao sol, o descansar na sombra… nesses momentos descobre-se o sentido e o prazer que se tem quando caminha-se por horas, sob condições e riscos que a grande maioria evita: após duras penas, como prêmio, pode-se mergulhar a alma em águas frescas até, já suficientemente esfriado, ao ponto dos dedos estarem enregelados, deixar-se aquecer sobre as pedras ao som de pássaros e cigarras. Ficamos neste deleite por mais de uma hora mas, mesmo sem o uso de relógios, víamos que o dia se adiantava e tínhamos uma caminhada pela frente. Depois de uma penosa subida alcançamos a “avenida central” do Pati. Seguindo a tendência, o caminho ia margeando o rio e era sombreado, em quase sua totalidade. Constantemente descidas, com algumas poucas subidas – pra não perder o costume, como pilheriavam alguns, quando surgia um novo aclive. Resumidamente, apesar do cansaço, aquele trecho de trekking não oferecia grandes exigências físicas. No meio da tarde chegamos à nossa última parada dentro do Vale, a casa de Sr Eduardo. Fomos recebidos e alojados em uma construção rústica, também utilizada como hospedagem aos viajantes. Os poucos móveis, como fogão e camas, eram da década de 60, talvez resquícios do período em que o café movimentava a economia daquela região. Fazia calor, e as telhas de amianto potencializavam o desconforto. Tudo parecia derreter dentro daquele abrigo. Descansamos, até o cair da tarde, quando teríamos que organizar a última exibição no Vale do Pati.

                                                
                                            V

Foi a mais intimista das sessões. Na antiga sala, ajuntou-se a família de Seu Eduardo (83), morador do Pati desde que nasceu, e o pessoal da produção. Contador de causos, amante de uma cachacinha – parou recentemente, por problemas de saúde –, de um forró, tocador de sanfona, Eduardo é o morador mais antigo do Vale do Pati. Segundo ele mesmo afirma, foi um dos primeiros guias turísticos do Vale, quando houve o primeiro afluxo de ecoturistas. Pois foi justamente na casa daquele homem, personagem do documentário produzido m 2005, que se deu a última exibição no Pati. Houve certa comoção por parte dos patizeiros, pois os personagens mostrados eram pessoas próximas, conhecidos de anos. Seguiu-se cafés, bolos e causos. Súbito, Seu Eduardo resolveu: iria seguir conosco no dia seguinte, veria a exibição de Andaraí. De nada adiantou os apelos de sua esposa, lembrando-lhe que ele já não podia mais ficar indo e voltando, por conta de seu estado de saúde. Resolvido: Eduardo iria no dia seguinte acompanhar o pessoal do cinema.
A manhã (18/10) veio com o tempo nublado e uma fina chuva. O café foi rápido e, por volta das seis e meia da manhã, Seu Eduardo já se apresentava na porta da estalagem. Chapéu e colete de couro, facão à cintura, calça jeans, botina e um tímido sorriso que mostrava dois dentes dourados, aquele ancião veio com a vitalidade daqueles que, por levar uma vida de aventuras e duros costumes, percebem que as oportunidades que a existência oferece podem ser únicas, ainda mais quando se tem 83 anos.

O longo caminho para cima se apresentou logo de início. Cruzamos o Rio Pati pela última vez e iniciamos uma subida que, a princípio sobre solo argiloso, logo se tornou degraus de pedra. Ladeira do Império. Serpenteando a encosta de um paredão, a estrada, que em quase toda a sua extensão tem alguma forma de pavimento, nos leva para cima. Novamente sentimos os efeitos da mudança atmosférica causada pela altitude. Os passos não são os mesmos de outros terrenos, há certa malemolência ao caminhar, como uma espécie de deixar-se cair, com leves movimentos pelos quais se evita a queda… Assim vai-se, metro a metro. De repente ouvimos o trote de animais; era Seu Eduardo, montado em uma mula e conduzindo outra. Às costas, uma mochila e, guarnecendo-o da chuva, uma capa de plástico transparente cobria-lhe o dorso. Passou por nós, dando comandos aos animais e demonstrando excelente habilidade de cavaleiro, ao galgar aqueles caminhos íngremes que margeiam o abismo.

Depois de algumas paradas para recuperar o fôlego, chegamos ao topo da subida. Havíamos vencido a Subida do Império e, até Andaraí, percorreríamos a Descida do Ramalho, trecho longo, terreno pedregoso, com poucas fontes de água e, como já se aproximava das dez horas da manhã, faríamos o trajeto com o sol sobre nós. Tais considerações foram feitas na pausa que tivemos no Mirante do Ramalho, antes de retomar o rumo da cidade. Partimos. De fato, no início boa parte do caminho era descida e passamos por duas fontes de água. Mesmo com a cor amarronzada (conseqüência do tanino, presente nas folhas da vegetação e que acaba indo parar na água) não desprezamos o precioso líquido, de uma fresquez restauradora, e reabastecemos nossos recipientes. O terreno foi ficando mais seco e arenoso e, com o disco solar indo a pino, tínhamos a sensação de estar caminhando em algum ponto do semi-árido nordestino. Mais uma vez a malemolência no caminhar, novamente o deixar-se ir, escorregar pela poeira e pedras… Um besouro ruidoso e de um verde cintilante nos acompanhou por um bom pedaço, talvez estivesse nos escoltando enquanto passávamos por seus domínios. Por fim, dobramos uma curva e desembocamos numa depressão: era um rio sazonal, dos que, com as chuvas, enchem-se, com violência e intensidade, arrastam os que estiverem em suas margens, destrói, constrói e, após um período estrondoso, calam-se e adormecem, até que venham outras chuvas. Abrigados na sombra escassa de uma pequena arvore, já estava Seu Eduardo e parte da trupe, esperando os que ainda não haviam chegado. Podia-se ouvir um ruído de água correndo e, de fato, havia uma fonte de água, escondida entre plantas de folhas grandes e verdes. Estávamos na última parada e na derradeira fonte de água até o fim do caminho. Diante desta advertência, nos refrescamos e encontramos outros locais sombreados, onde comemos e nos reidratamos.
Retomamos o rumo da cidade com a esperança de encontrar o carro de apoio no local combinado, depois um chuveiro, uma refeição e uma cama – não haveria exibição naquele dia. Caminhamos, espaçados, em duplas ou trios, cada núcleo ao seu ritmo até que avistamos as construções de Andaraí, ao longe, milhares de metros além. Como retirantes, marchamos letargicamente sob o sol, vencendo subidas escarpadas e descidas por lajedos onde calangos tomavam sua quota diária de raios solares. Aos que já se impuseram grandes desafios físicos é consenso que, ao final de toda jornada, os passos são mais pesados e o corpo não responde da mesma maneira aos comandos do cérebro. Tais eram as condições de muitos ao pisarem os primeiros metros de rua da histórica cidade. Descemos a via, tocando o calçamento como quem reincorpora parte de sua urbanidade perdida nos rios, cachoeiras, trilhas e florestas dos dias posteriores. Metros adiante, avistamos o Toyota branco nos aguardando ao lado de uma cobertura de palha: o bar e restaurante “Ta Lento” – nome curioso, para a primeira, ou última, a depender da direção, oportunidade de comprar refrigerante, água ou algo para comer antes de (des) embarcar na trilha do Vale do Pati. Depois de reidratados, nos reunimos e tomamos nossos lugares na viatura que, a partir daquele momento, seria nosso meio de transporte por todo o itinerário da Mostra.



                                                                   VI

Findaram-se nossas atividades no campo. Era fim de tarde de segunda feira, 18 de outubro e a cidade de Andaraí – rios dos morcegos, em tupi –  estava envolta em uma bolha quente que obrigava a todos busca de refúgio à sombra. Fornecido pela prefeitura de Andaraí, nosso refúgio era a pousada “Espaço Livre”, localizada em uma das saídas da cidade. A volta à realidade com camas, lençóis, TV e água encanada nos convidava a momentos de ócio: reflexões ou sono. Nossa primeira folga, desde o início da empreitada. Aproveitamos e dormimos, sem nos preocuparmos com caminhadas e montagem de equipamentos no dia seguinte.

O dia 19 veio como o dia anterior: ensolarado e quente. No estabelecimento em que estávamos havia, hospedada, uma equipe de brigadistas: com suas roupas laranja, botas e máscaras, os profissionais contratados e voluntários que trabalhavam no combate a incêndios no Parque da Chapada Diamantina movimentavam a modesta pousada e lembravam a população que as belezas naturais da região estavam sendo consumidas pelo fogo. Eram nativos, guias ou outros interessados em manter a fauna e flora local a salvo das chamas. Os combatentes do fogo comeram, envergaram suas fardas laranja, subiram em uma caminhonete e foram ao seu destino.

Nossa próxima programação estava prevista para a Praça dos Garimpeiros, às 19 horas. Fomos ao centro, verificamos tomadas e demais estruturas para a sessão e decidimos nos refrescar na sorveteria. Sorvetes dos mais variados tipos: frutas, tapioca e até de cachaça… O dia seguiu com a expectativa de nossa estréia na histórica cidade mineradora. A tarde caiu com um manto abafado e nuvens pesadas marcavam posição nos céus daquelas montanhas. Por volta das seis horas da tarde os primeiros pingos beijaram as pedras centenárias de Andaraí e, em pouco, o pé d’água caiu. Relâmpagos e trovões riscavam e ribombavam no céu, anunciando que a noite estava votada a ventos, chuvas e tempestades. Os animais que respiram deviam se abrigar e aguardar o fim da borrasca. Sem possibilidades de qualquer atividade na praça, fomos obrigados a alterar a programação; chegou-se no consenso que, para a cidade não ficar fora do circuito, faríamos a edição da Mostra no colégio estadual, no dia seguinte. Com o dilúvio que caía, chegaram os brigadistas. Rostos e sorrisos afogueados diante do presente dos céus. A água divina viera para salvar o pouco do paraíso que ainda restava na Terra, cuja maioria de inquilinos está mais preocupada com juros e dividendos.

Pela manhã, um concerto de sapos e rãs cantava que havia regozijo com o maná líquido que caíra dos céus na noite anterior. Caminhamos pelos calçamentos e antigas construções da instigante Andaraí. Fomos ao Colégio Estadual Edgar Silva e agendamos com a direção da instituição um horário depois do intervalo. Para os alunos foi um dia ímpar, de repente as aulas, para muitos enfadonhas, foram interrompidas para uma atividade no pátio: seria exibido um filme em que apareceria Seu Nô, Seu Eduardo e outros patizeiros conhecidos. Sairia da tela histórias dos povos do Vale e o restante da manhã seguiria sem chamadas, correções e outras obrigações do ensino formal.
Antes do meio dia já havíamos finalizado a etapa da mostra em Andaraí. Almoçamos, arrumamos as bagagens e seguimos na carroceria do Toyota branco, nosso animal de ferro, borracha e petróleo que nos conduziria até a vila de Igatu – novamente uma denominação tupi: água boa…


                                               VII

As construções são de pedra – um tipo de técnica em que não se usa argamassa, mas o ajuste dos talhos de lajedo, dá-se o nome de pedra viva – e há bairros inteiros em que as habitações abandonadas mais parecem ruínas de uma civilização perdida, talvez seja por isso que Igatu é chamada por muitos como a Machu Picchu brasileira. Após o descobrimento de diamantes, por volta de 1855, a vila de Xique-Xique do Igatu prosperou. Vieram pessoas de todos os lugares, atraídas pela promessa de enriquecimento rápido nos garimpos. Com a demanda, toda uma cadeia de comércio se formou de forma que a vida na vila fervilhava com as quatro mil almas que, direta ou indiretamente, remexiam aquelas formações de pedras que remontam ao próprio surgimento da Terra. O que antes era abundante, vindo até com a enxurrada, sem necessidade de escavação, começou a ficar mais difícil de ser retirado. Os custos de extração aumentaram e, com a descoberta das minas de diamante na África do Sul, em 1870, a mineração na vila de Xique-Xique já não era tão rentável, a atividade foi decaindo até paralisar-se por completo. Sem renda, os moradores de Igatu foram indo embora até que, na década de 70, chegassem a pouco mais de sessenta habitantes. Carentes de manutenção e sem moradores, as casas deterioraram-se, telhados e paredes caíram e o mato grassou livre pelos assoalhos. No auge da decadência foi considerada uma cidade fantasma. Atualmente o povoado, que pertence ao município de Adaraí, tem como principal atividade econômica o turismo. São 373 habitantes (fonte: Amarildo dos Santos) e muitos moradores vieram de fora: artistas, esportistas e demais pessoas que optaram por uma vida em um local tranqüilo, cheio de misticismo e mais perto das nuvens.

Logo que chegamos fomos recepcionados por uma chuva que, a princípio fina, tornou-se tão caudalosa como a do dia anterior, em Andaraí. A previsão era que ficaríamos acampados em algum camping. Diante do mau tempo surgiu a necessidade de um teto mais consistente, a produção se mobilizou e, em pouco, já estávamos abrigados: uma parte se acomodou em uma pousada e outra foi hospedada na casa de Gabriel Macedo , um carioca que fincou raízes na região e, juntamente com outros artesãos, fundou a associação Ourives da Chapada Assim que as densas nuvens turvaram a luz do dia, tivemos outra notícia: por conta dos raios e trovões não havia eletricidade, – era comum isso acontecer, quando chovia. Recebemos a notícia que um comerciante possuía um gerador, mas sem combustível. Alguém teria que buscar em Andaraí. Telefones também não funcionavam, e os celulares só davam sinal nos lugares mais altos, mesmo assim quando estavam de bom humor. Depois de conseguir um aparelho celular, subir em um ponto alto e fazer uma ligação para Andaraí, Joice Caíres, produtora da Mostra, trouxe a notícia: a gasolina já estava sendo providenciada, um funcionário da Prefeitura de Andaraí a traria, de moto. Vencido esse primeiro contratempo, restava tomar outras providências: preparar a exibição e exposição de fotos – quando estávamos em Andaraí havíamos mandado imprimir uma seleção de fotografias dos bastidores da Mostra, até aquele momento -, instalar equipamentos de projeção e decorar o ambiente do evento. No Café de Nil, iluminados por velas e pelo resto de dia, cortamos cartolinas, colamos fotos e preparamos a exposição fotográfica.
O Centro Cultural Xique-Xique é uma construção antiga, que remonta os tempos reluzentes do garimpo de diamante. Portas, janelas, fechaduras e travas de dimensões exageradas, para os nossos padrões, pisos de pedra, paredes grossas, quintal de um verde úmido… Podia-se sentir o cheiro dos tempos passados naquele ar. O gerador de energia elétrica foi instalado no quintal, a fiação puxada e os equipamentos, uma vez alimentados, desvelaram sons e imagens na sala lotada, os que não conseguiram entrar se ajuntaram na porta – experimentamos algo novo, pois até então nossas sessões eram bucólicas e de público reduzido, a da escola em Andaraí se exclui. Repetiu-se a sessão.  As fotos na parede, iluminadas por velas estrategicamente colocadas para dar um efeito visual original às imagens, criaram uma áurea mística em lugar tão rico em energias… Até ali havia sido o dia mais cansativo. Fizemos duas exibições, em localidades diferentes. Mais uma vez havíamos lutado contra a má vontade dos acasos e superamos o problema de energia elétrica. O evento foi um sucesso. Mais tarde, já sob cobertores, alguns corpos cansados observaram o teto e deram um leve sorriso antes de atravessar as portas do inconsciente.

                                                  
                                                              VIII


As primeiras luzes da manhã (21/10) não vieram sem a companhia de uma umidade fina e persistente. A vila quedava adormecida, apenas o Bar Igatu, de Seu Guina, oferecia um par de portas abertas ante os cerros de fechaduras e tramelas por toda a praça. 6 e meia da manhã e um café no bar de Seu Guina seria uma ótima maneira de começar o dia para mim e Bárbara, encarregados da cobertura do evento.
- Aquilo lá é o que restou do sobrado do coronel. Apontou o dedo Guina, em direção a umas ruínas em que ainda se podia distinguir duas paredes de pé.
- E deixaram se acabar assim? Lentamente? Perguntei.
- Sim, foi na época que todo mundo foi embora. Até eu fui para São Paulo, pois a coisa aqui ficou muito difícil. Tudo ficou abandonado. Dizem que, quando foram falar pros parentes do coronel que o sobrado tava caindo, tiveram como resposta: “A terra dá, a terra come”. 
- E aqui ainda tem diamante? Continuei.
- Sim, mas é muito custoso pra tirar. Não compensa. Tenho uns aqui pra vender. Foi atrás do balcão, pegou um pequeno saco de veludo preto, desatou o nó e exibiu minúsculas pedras reluzentes.
- Quanto custa?
- Dez, vinte... depende do tamanho e da qualidade.
Olhamos meio incrédulos: era por aquelas pedrinhas, quase grãos de areia, que a humanidade havia derramado tanto sangue ao longo da História? Seriam aqueles pequenos pedaços de carbono responsáveis por tantas lágrimas e sofrimentos? Pedras são pedras, carbono é carbono, matéria inanimada, o homem é que dá movimento a elas, as lapida e as reveste de sangue...
Tomamos uma água de coco, despedimo-nos de Seu Guina e continuamos nosso pequeno tour pela Vila até a hora do café da manhã. Como havia a previsão de almoçar em Mucugê, tivemos pouco tempo para explorar as belezas de Xique-Xique do Igatu. Com os primeiros raios que conseguiram furar o bloqueio das carrancudas nuvens, já estávamos rodando no asfalto em direção à próxima cidade.

Segundo os relatos, o primeiro diamante de Mucugê (nome de uma fruta, apreciada pelos índios, que era muito comum na região) foi encontrado por acaso, por um empregado do coronel José Pereira do Prado, mais conhecido como Cazuza do Prado. Dizem que o rapaz foi lavar o rosto nas margens do Rio Paraguaçu quando encontrou a pedra. O coronel começou a explorar os leitos em segredo até que um de seus empregados, ao tentar vender uma das pedras, foi acusado de tê-la roubado. Para escapar da acusação de roubo o garimpeiro contou a verdade: a pedra viera dos leitos do Paraguaçu. A notícia se espalhou e, em pouco, a região foi invadida por toda sorte de aventureiro em busca de enriquecimento rápido. A localidade cresceu e a violência veio a reboque. Alguns dizem que, se não fosse o poderio dos coronéis, que regulava as relações, o local seria muito mais violento. O certo é que, nos ermos do sertão onde faiscavam pedras e metais preciosos, a vida valia muito pouco e a morte prematura era uma constante.

Assim como Igatu, Mucugê sofreu um intenso êxodo quando do declínio da atividade mineradora. Também foi chamada de cidade fantasma, tal era o marasmo de seu pulsar urbano. Há alguns anos a região se voltou para o turismo. Por parte dos poderes públicos houve uma preocupação com a conservação e restauração do patrimônio material e imaterial da região. Tal vocação ficou patente quando procuramos a administração municipal para que nos apoiassem. Fomos bem recebidos, obtivemos hospedagem, comida e transporte, além da boa vontade e simpatia de funcionários públicos e do prefeito. Causa impressão também o trato dos moradores com os visitantes: comprimentos, sorrisos e as conversas fluem de forma que o turista sente-se aconchegado.    
Nosso compromisso com a população de Mucugê seria no dia seguinte, no turno da manhã.

Continua....

4 comentários:

  1. Sou rata de cidade,mas por um momento pude sentir a natureza quase que surreal. Assumida, tenho medo de tudo que se move,pula e tenha dentes,estou sempre atraindo bichinhos peçonhentos,me arrisco a abraçar algumas árvores,tomar banhos de cachoeira , pisar na grama.Tudo em minha mente parece estar ficando ultrapassado e obsoleto, em um coração encapsulado de modernidade e informações.

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  2. muito bons seus textos! aproveito a deixa e deixo meu endereço.. me visite em:

    www.furodebala.blogspot.com

    salud!

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  3. Liiindo!

    Vou lá agora, em outubro... desejando!!

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  4. excelentes textos! também aproveito o ensejo, e deixo aqui(abaixo) o endereço de meu blog. me visite, deixe sua opinião, sujestão, crítica, enfim, fique a vontade!!!
    adilsonconectado.blogspot.com

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